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domingo, 20 de setembro de 2015

Meu dia

Meu dia foi lindo como um dia de caridade num hospício

Um show com a barriga vazia vendo as crianças famintas de batom tomando lugar de cristo

Carimbado com a marca da besta eu sorri quando a lágrima que escorria era só mais uma inundação

A estética do sofrimento que se disfarça com um punhado de notas no quinto dia útil

Foi meu dia como manhãs orvalhadas do meu túmulo natal

Resistência queimada e água salgada sob a pele negra lembrando que foi escrava

O meu dia foi tão lindo quanto um dia de caridade num hospício

O chão que não é derrota enquanto os pés tateam livres outra moda

Outra derrota assistida em algum tubo na esquina

Brindo os arranhas céus que não chegam nem perto dos pássaros

Meu dia foi tão bonito como um dia de caridade num hospício