Imagina
ao invés de pôr do sol
queimar?
Cinzas por aí
chama
silêncio
Queria boca
entre areia e fermentação
de longe era só uma escultura
bem acabada em um dia de sol
orei ao tempo inexistente
sacrifiquei o ego
era aquela canção antiga
sobre bombas e corações
Te chamo de nega deitado no sofá
é almoço de domingo
e a preguiça vem propor
boca que é minha
suspiro que é seu
fim de tarde e só quero dizer:
vem nega
vem ver estrelas no meu colo
vem sorrir das coisas bobas
vem nega
me chamar de moleque
te faço mulher num balanço
É sempre domingo com teu sorriso
contra meu mau humor
faço um verso
com um copo na mão
pra poder dizer que te amo
te pegar sozinha na sala
te amar do máximo ao mínimo
vem deitar nega
garrafas ditam a regra
se é pra amar
que seja logo
Eu tenho pedras em mãos
e desespero em forma de silêncio
bebo meu amor pela goela
arranco com fio dental a carne que o cerca
quem me ver chorando longe
de perto é mais um bebum
com olhos castanho claro sob o sol
queria não poder querer
laço no pescoço sem terno
vestimenta é só meu corpo
ilumina aqui para quê?
o sol levanta e desce
eu de pé com essa sina
vai chover no fim da tarde
vai ter fim em alguma tarde
Na gota clichê pendurada no pescoço
fortifica o fim de uma geração
beleza do último dia em que estamos
eu dancei sozinho no salão de festas
1... 2... 3..
Rodei e pirei
1... 2... 3..
Derrota e meu melhor saía
Enlatados numa caixa não podemos sonhar
perca o chão por um segundo e ele abraça
não mais consciente e tudo para baixo
eu continuei dançando quando a música parou
1... 2... 3...
Eu não via ninguém
1... 2... 3..
Permanecia contando um e outro
Um dia amor, foi mais que iludir sua ausência nesses úteros de areia
Talvez amor, eu não devesse ter feito das tripas coração quando o corpo perdeu o gosto e ser estranhos era ser feliz
Amor, quem de nós dois ainda não deu uma olhada para trás e pensou numa chance a mais?
É sempre verão amor, teu humor anda de ralo abaixo e sabe que aqui é inverno nos ossos e em todo resto
Os meses que passam como soro no braço como antes
A carne alheia na boca como roupas usadas de um defunto
E ainda amor, eu conto nos ponteiros o tempo que não temos mais