Café sem açúcar
catarrei o tempo
cinza ausente
que tristeza essa desses dias?
perguntavam escondendo o sol na
boca fechada
não havia calor algum
não havia parte alguma na qual
procurar
gotas finas como punhais caindo
do céu
eu lembro de ter esse mesmo
negro nos olhos
filme mudo em um tempo
moderno
estavam se multilando no ápice do
comodismo
se havia alguma esperança
se havia alguma garrafa ainda
cheia
que porra de sorte era essa?
estávamos procurando no lugar
errado
quinta-feira, 30 de janeiro de 2014
Inócuo pela manhã
terça-feira, 28 de janeiro de 2014
Areia nunca mais
Senti o chão sobre meu corpo
ao invés de só pisar
Perguntando-me em silêncio
a resposta tão óbvia que partia
meu estômago
descer era felicidade em doses
cavalares
podia-se matar um copo duma vez
só
logo braços me prenderiam em um
"nunca mais"
Eu havia perdido o caminho
não tinha olhos ou coração de
apaixonado
o céu estava cinza me abençoando
com um pai
se chorei nem percebia o gosto
disso tudo
Estava sentado olhando espaços
vazios
tão vazio como meu copo em
mãos
sábado, 25 de janeiro de 2014
Cerveja
Ressaca
num sábado
esticada como um corpo morto
três analgésicos em suicídio
na garganta como ponte
silêncio do rádio de am/fm
vozes de fora pedindo feriado
antecipo a sombra da árvore
jogo minha corda
dou meu nó
e
encerro
quinta-feira, 23 de janeiro de 2014
Decomposição sob o sol
Pessoas nutridas numa tarde de
quinta-feira
ampolas de sêmen penduradas no
céu da boca
é meu filho o mundo que me
aguarda?
largado no bueiro escultei deus
gargalhar
me apontava o dedo melado
alguma puta ainda acreditava nele
olhei tudo e não tinha a mínima
idéia
idéia de encaixar nesse circo e
gozar também
Nojo do tempo erguido por pernas
maternas
nojo do tempo erguido por socos
paternos
em algum ponto eu ainda chegaria
quarta-feira, 22 de janeiro de 2014
O espectador
Quem poderia querer apenas ficar
aqui sentado, deconpondo as
horas e minutos entre um gole,
num aperto vazio da voz gutural
que sai do rádio?
Crescemos
rastejando e importando, o jogo
muda quando o leite se torna
azedo quando você diz sim.
Estava chovendo uma era lá fora e
o que nos mantinha ainda olhando
essa atmosfera fodida?
sábado, 18 de janeiro de 2014
Via solidão
Sentado eu espero
o integrado chegar
um milhão de demônios
cozidos no estômago
olho o céu sem estrelas
uma paz incerta
que beleza há num osso
eternamente famélico?
denpendurando-se...
segunda-feira, 6 de janeiro de 2014
Fascista de si mesmo
Solitário exército interno
com cabeças cortadas ao longo da
mesa
que gritam com classe
sua bandeira depois da minha
resquícios de quase uma década
o desconhecido recém feito
analgésicos para dor
decomposição espiritual
flertando com meu próprio sêmen
milhões de cabeças pelo ralo
milhões de cabeças em mesas
nenhuma cabeça erguida contra
noite
sábado, 4 de janeiro de 2014
Zonas de sinceridade
Hora de recolher os
cacos
um no meio muitos
de estancar o que sangra
de jogar o pano negro
encerre a dúvida
e ao porém queira esquecer
não tenha braços aos de perto
nem ser puxado para longe
morda a língua deixando-a cair
mergulhe no próprio sangue
não se deixe esquecer
sexta-feira, 3 de janeiro de 2014
Dopado entre o dia de quem não tem dia
Eu estava morto quando sentei no
último banco do ônibus. Em algum
ponto quando não me dei conta, já
tinha abotoado o paletó. Ninguém
havia rezado ou posto flores,
estava tudo na sua cruel forma de
ser. Havia paradas momentâneas
dentro da minha cabeça. Tudo
caminhava para o fim desse
"sentir-se". Ouvia uma canção
imaculada: Nem lugar é sagrado.
Quase duas... Meu deus, onde
tinha se metido minha vontade?
Eu puxei forte a respiração e
estava completamente perdido
quinta-feira, 2 de janeiro de 2014
Garganta de menina
É o fruto que deslumbra a árvore?
A árvore que protege o fruto no
galho fino
entre a tempestade ao pôr do sol
na primeira mordida na boca d'água
o gosto que não sacia