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quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Samba à toa

Areia entre os dedos da menina
menina com cheiro de montanha
samba assim à toa sem plateia
dois batuques ritmados entre copos e garrafas

quem agora te olha longe
samba assim à toa e desdenha de mim
sai florida até o joelho
copo e garganta refrão do perdedor
samba assim à toa pisando no que ainda tenho no que não há

e  para guardar teu
sorriso de aço
no corpo magro
pungente sem ócio
miserável sem sol
derruba tua boca
e esquece ela outra vez comigo

Larga a terra sem rei
na imensidão do caos para ser beijada
samba assim à toa enquanto em desespero te apago 
vai na fumaça do escapamento sonhar
no catarro do velho na fila sentir falta dos dias de chuva
samba assim à toa nos meus dias de ressaca caído no chão

e para guardar teu sorriso de aço
um copo gelado de fim de dia
tome a cama como berço nos braços desse cristo
manhãs microscópias no bocejo contra o espelho
e samba assim à toa sobre mim

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